Noite de Poesia Persa - recital CCSP



POESIA PERSA

Este recital temático se propõe a rememorar o sarau como estímulo ao ingresso em universos específicos: a poesia de culturas pouco ou mal conhecidas. Nos antigos saraus – o dîwân dos árabes, ou o diwan dos persas e indianos – os grupos se reuniam em salões ou praças para falar e ouvir poema. A arte da poesia era marca de distinção: uma pessoa elegante, fosse um rei, professor ou comerciante, fazia poemas e os recitava em público.

A poesia persa, original do atual Irã, é tão desconhecida quanto este país do Oriente Médio, com suas várias etnias e refinada cultura milenar. Fora a aclamada produção cinematográfica, testemunha de uma cultura enraizada na poesia cotidiana, na “grandeza do ínfimo” (Manoel de Barros), associamos o Irã à chamada revolução islâmica, às mulheres cobertas de negro, às bravatas do atual presidente, ignorando seu legado artístico e poético. A literatura persa abarca um período de 2.500 anos, estendeu-se por regiões longínquas, porque a língua persa viajou e sobreviveu até as franjas da Ásia Central. Há obras que remontam o século VII a.C., com inscrições em cuneiforme, ainda no persa antigo; há outros registros de valor histórico e poético, antes e depois da ocupação árabe. O século XIII é marcado pela poesia mística sufi,* com obras destacadas pela emoção lírica, métrica rica e certa simplicidade de linguagem. São muito conhecidos poetas como Rûmi e Saadi, ambos sufis, além de Hafez e Khayyam, Attar e Nezami, entre outros, frequentemente lembrados e citados: sua poesia faz parte do dia a dia dos iranianos.

Além de divulgar a poesia e o sentimento poético do mundo, a intenção é estimular o interesse do público pela cultura persa, pela vida atual no Irã, contraditória e cheia de soluções surpreendentes. Os iranianos – acolhedores, criativos e curiosos sobre como o mundo os vê – não devem ser confundidos com o governo autoritário que os oprime.

Poetas: Omar Khayyam (séc. XI), Saadi (séc. XII), Rûmi (séc. XIII), Hafez (séc. XIV) e os contemporâneos Farrough Farrokhzad e Sohrab Sepehri (séc. XX). Os poemas são entremeados com música persa (clássica e moderna) e alguns são falados em farsi (persa moderno), para que o público aprecie a sonoridade e o ritmo original dos poemas.